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Estagnação da construção civil afeta projetos de cimenteiras

A desaceleração do setor de construção civil no Brasil vai colocar na prateleira, até 2020, proje...

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A expectativa do setor era de que 35 milhões de toneladas de cimento fossem adicionadas, nos próximos seis anos, à atual capacidade instalada no país, de 86 milhões de toneladas por ano, segundo dados já anunciados pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). Parte dessa expansão, contudo, deve ser revista.

A InterCement, da Camargo Corrêa, anunciou no ano passado que tinha planos de abrir quatro fábricas no País até 2016. Apenas duas vão sair do papel, a ampliação da unidade em Goiás e outra em construção na Paraíba. As outras duas devem ser postergadas. O grupo tem 40 unidades, das quais 16 estão localizadas no Brasil. A capacidade de produção no País é de 17,9 milhões de toneladas por ano.

“Nossa ideia era ter uma fábrica em Santarém [PA] ou Manaus [AM], porque nossa presença no Norte do país é pequena. Havia ainda mais uma em discussão para Curitiba", afirmou José Édison Barros Franco, presidente do conselho de administração da companhia. Em 2013, a InterCement comprou a portuguesa Cimpor e, em junho deste ano, levantou US$ 750 milhões com emissão de debêntures.

Aquisições também estão fora do radar da companhia. Primeiro, porque a InterCement está entre as empresas que sofreram pesadas punições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em maio, no caso conhecido como cartel do cimento. A companhia foi multada em R$ 241,7 milhões.

Por causa do cenário mais apertado para o setor de construção civil, devem entrar em operação apenas unidades que já estavam em construção, afirmaram fontes. É o que deve fazer a siderúrgica CSN, que pretende inaugurar em 2015 sua segunda fábrica de cimento. O grupo, que entrou no setor em 2009, com uma unidade em Volta Redonda (RJ), com capacidade para 2,4 milhões de toneladas por ano, está erguendo sua segunda unidade em Arcos (MG).

A fábrica será integrada à mina de calcário que a CSN tem na cidade. A capacidade adicional será de 3 milhões de toneladas. Com a nova unidade, o faturamento dessa divisão do grupo deverá superar a marca de R$ 1 bilhão.

A cimenteira Itambé, que mantém uma única unidade em Balsa Nova (PR), foi uma das empresas que, na esteira do forte crescimento da construção civil entre 2009 e 2012, investiram pesado na ampliação de sua capacidade. A empresa aumentou em 80% sua fábrica, que hoje pode produzir até 2,8 milhões de toneladas por ano.

Com a virada do mercado de construção, o diretor-superintendente da Itambé, Paulo Aguiar, não tem nenhuma perspectiva de atingir o ápice de sua produção nos próximos anos. Em 2013, a produção da empresa ficou um pouco abaixo de 1,8 milhão de toneladas e a expansão prevista para 2014 é bem modesta, de 1,5%.

O executivo diz, porém, que mesmo este magro crescimento em volume poderá não se refletir no faturamento, que tende a ficar quase estável em relação aos R$ 750 milhões de 2013. Aguiar explica que essas novas fábricas que estão entrando em operação no País ainda refletem o período de bonança do mercado. Porém, essas unidades devem pressionar os preços para baixo. "É uma situação de desequilíbrio. A oferta cresceu e a demanda não acompanhou."

Na contramão, a Votorantim Cimentos, que anunciou investimentos de R$ 11 bilhões de 2007 a 2016, disse que nada será alterado. A empresa tem meta de adicionar 8 milhões de toneladas à capacidade atual até 2018.

Projetos em andamento, como as obras das futuras operações em Edealina (GO), Primavera (PA) e Sobral (CE), seguem inalterados. Com informações são do jornal O Estado de S. Paulo.