A 37ª edição dos International Mining Games foi realizada de 25 a 29 de março e contou com 29 equipes de países diferentes. O time brasileiro ficou em 17º na classificação geral, resultado considerado expressivo de acordo com um dos integrantes, Rodolfo Corrêa. “As equipes que ficaram na frente são patrocinadas por muitas empresas e por empresas grandes. Pensando nas nossas circunstâncias, foi um resultado muito bom”, disse em entrevista ao NMB.
Pelo segundo ano seguido, as principais dificuldades da equipe para conseguir ir à competição foram patrocínio e equipamentos para treinamento. Do total de sete provas que compõem o certame, a equipe da Unifal só conseguiu treinar para quatro, sendo que dois cenários de prova foram improvisados. “Ainda assim, em duas provas conseguimos ficar em 12º lugar, o que é muito bom”, disse Corrêa.
Para conseguir representar o país na competição internacional, o time Mining Games Unifal correu atrás de muitas empresas, incluindo grandes mineradoras. “Algumas nem nos respondiam, outras falaram que o mercado está em baixa. Umas disseram que talvez no ano que vem”, disse o estudante de engenharia de minas.
Diante das dificuldades, os estudantes trabalharam em projetos para conseguir aportes por meio da Lei Municipal de Incentivo ao Esporte, em Poços de Caldas (MG). Dois projetos foram aprovados, e os alunos da Unifal conseguiram levantar um total de R$ 8 mil, pagos em dez meses.
Um dos projetos aprovados é uma iniciativa social que vai levar alunos de escolas de comunidades em Poços de Caldas (MG) para o ambiente universitário. Os integrantes da equipe vão realizar palestras, explicando sobre os jogos e sobre o curso de engenharia de minas.
A maior parte do dinheiro veio de patrocínio direto com três empresas locais. Com as companhias DME Energia, Alpha Construções Inteligentes e Transportes Santa Luzia (TSL), os estudantes da Unifal levantaram R$ 21 mil. Apesar do apoio, os membros tiveram que gastar cerca de R$ 3 mil do próprio bolso.
“A maioria das empresas que procuramos parabenizavam pela iniciativa, mas não apoiavam. É uma pena. Já aconteceu de empresas brasileiras patrocinarem equipes do Canadá e da Austrália em outras edições dos jogos. Acho que estão perdendo a oportunidade de expor a marca, é um evento internacional, com professores, alunos, ex-alunos e representantes de grandes empresas de todo o mundo”, afirmou Corrêa.
Além das dificuldades para conseguir participar do evento, a equipe da Unifal sofreu também com a alta do dólar e com o custo de vida na Austrália, de acordo com o estudante. Os membros ficaram hospedados em um hostel, financiado pela organização do International Mining Games.
Corrêa disse que o evento foi uma ótima oportunidade para trocar informações com profissionais da Austrália de todo o mundo. O estudante da Unifal contou que muitos patrocinadores dos jogos questionaram à equipe sobre como está o mercado no Brasil, demonstrando curiosidade sobre o espaço para trabalhos de consultoria, entre outros.
“Infelizmente, o Brasil está atrasado. Nós só queremos divulgar a mineração do país, mas tem que trabalhar muito. Correr muito atrás. É um projeto anual, então a gente vai atrás de muitas empresas e ouvimos respostas negativas o ano todo. Mas a gente volta entusiasmado para repetir a participação no ano que vem”, disse Corrêa.
A 38ª edição do International Mining Games será realizada em Montana, nos Estados Unidos, país que também vai sediar a 39ª edição. Corrêa disse que conversou com organizadores do evento e que vai colocar em pauta no que vem a possibilidade para o Brasil ser sede de uma das próximas edições dos jogos internacionais. “Precisa de estrutura e organização. Se conseguirmos provar isso, com a contribuição do município, a gente vai tentar trazer o International Mining Games para o Brasil”.
O time Mining Games Unifal foi formado pelos estudantes de engenharia de minas Ana Rita Paim, do 7º período, André Santos, do 10º; Gabriel Silveira, do 8º; Henrique Lima, do 5º; Rodolfo Corrêa, do 8º; e Valquíria Matt, do 7º. Os membros são os mesmos que participaram da 36ª edição, com exceção de Henrique Lima.
Provas
O International Intercollegiate Mining Games é composto por sete tipos de prova que envolvem atividades múltiplas da mineração. Na Surveying, os competidores recebem um ponto de partida e devem informar as coordenadas de um ponto final, utilizando um teodolito como equipamento de posicionamento. No Track Stand, as equipes têm que adicionar uma seção de trilho, conectando placas e parafusos.
No Hand Mucking, os cinco membros devem encher um carrinho de minério de duas toneladas e transportá-lo de um ponto para outro no menor tempo possível. Para completar a prova Hand Steeling, os competidores devem perfurar um bloco de concreto, utilizando um martelo peso de três ou quatro libras e uma talhadeira. Na Swedesaw, as equipes precisam serrar uma seção de madeira 6’’x 6’’. Na prova Gold Panning, os competidores devem encontrar chumbo e cobre em um bateia cheio de ganga.
Na Jackleg Drilling, dois competidores usam um martelo pneumático para avançar o buraco mais profundo em um bloco de concreto, durante três minutos.