Em 2013, nenhuma transação no setor foi registrada, já que a pesquisa considera apenas negociações acima de US$100 milhões.
De acordo com Sérgio Menezes, sócio de transações corporativas do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY, o grande movimento de expansão da mineração se iniciou por volta de 2002, com a aceleração da economia chinesa, o que provocou um intenso movimento global no setor e uma mudança nos preços.
“Na sequência, iniciaram-se as grandes aquisições, mas, como na mineração os projetos demandam muito investimento a longo prazo, isso passou a ser notado apenas por volta de 2008, ano em que houvemos o maior número de vendas”, disse.
Segundo Menezes, o potencial do Brasil para atender o setor é grande e poderia ser maior se alguns estados contassem com a logística necessária para acolher uma grande mineradora.
“Minas Gerais é um exemplo de estado que já está adaptado para receber empresas interessadas na exploração mineral, mas alguns estados não possuem infraestrutura adequada. A falta de ferrovias em algumas regiões do país retardam o desenvolvimento do setor”, afirma.
O especialista afirmou que uma tendência constante no mercado é a aquisição de mineradoras por siderúrgicas, como forma das empresas garantirem a produção de seu próprio minério.
“Um bom exemplo desse tipo de transação foi em 2008, quando a ArcelorMittal adquiriu a London Mining, por US$ 816,9 milhões”, diz o executivo. A venda mais alta registrada no período foi da Usiminas que, em 2011, vendeu 14,6% das participações da empresa por US$ 3,5 bilhões.
Apesar de 2013 não ter registrado nenhuma transação, Menezes afirma que houve um maior investimento das empresas nos projetos já adquiridos. “Os projetos em mineração são muito longos, uma eventual crise de preços interferem pouco no setor. As empresas não param de investir, apenas diminuem o ritmo desse investimento”, disse.
“Acredito que o maior objetivo das grandes mineradoras seja aumentar sua produção e não necessariamente vender participações. O que é diferente das empresas juniores, que dependem muito do desempenho do mercado e, em períodos de queda de preços, acabam vendendo seus projetos por falta de recursos para superar a crise”, falou Menezes.
Entre as 350 empresas negociadas, as mineradoras representam apenas 7%, assim como empresas de transporte e infraestrutura, que apresentaram o mesmo percentual. O setor de energia ficou com 10% das vendas, 9% do setor de alimentos e bebidas, 6% de telecomunicações e 4% do setor químico. Juntas, as aquisições movimentaram US$ 390 bilhões, um recorde no país.
Menezes afirma que uma participação de 7% é pequena, considerando a importância do Brasil no setor global de mineração e o potencial do país possui em atender as demandas globais, principalmente de minério de ferro e ouro.
“Esse valor pode ser maior, pois nossa pesquisa contabiliza apenas as transações acima de US$100 milhões e não temos controle sobre transações efetivas realizadas por empresas menores e start ups”, disse.
“O aparecimento de empresas japonesas, coreanas e até do Cazaquistão é um fenômeno recente. Antes desse período, não se via muitas empresas estrangeiras investindo no Brasil, apenas empresas brasileiras, como a Vale, que adquiriam os projetos de mineradoras pequenas, ou empresas estrangeiras que já estavam presentes no Brasil há muitos anos e aumentavam sua participação no país com aquisição de projetos menores”, disse.
Para 2014, a grande expectativa é a aprovação do Marco Regulatório da Mineração, que poderá retomar a confiança do mercado no Brasil. “A aprovação do novo código de mineração ajudará a retomada do investimento externo, pois as empresas estrangeiras estão atentas e acompanhando o processo. A indefinição do marco e a falta de clareza contribui para a falta de confiança estrangeira no país, pois eles estão acostumados a ter tudo detalhado claramente e fazem questão que seja assim”, afirmou Menezes.