O evento será realizado até amanhã (6), no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, e sua programação evidencia a apresentação de novas tecnologias voltadas à gestão e ao manejo de rejeitos minerais por 38 empresas e entidades de várias partes do país e do exterior. O evento é realizado pelo Ibram, em parceria com o Crea-MG, com apoio do Ministério de Minas e Energia e está sendo transmitido ao vivo pelo Facebook e pelo Youtube (veja mais informações no link ao final deste texto).
Segundo Wilson Brumer, esta iniciativa de aproximar os fornecedores de tecnologia das mineradoras é uma das ações que o setor mineral adota em resposta ao clamor da sociedade em prol de uma mineração mais segura para as pessoas e a natureza.
Reconhecer erros
"Temos que lamentar profundamente as consequências dos rompimentos de barragens que ocorreram e avaliar o que foi feito de errado e tomar providências para melhorar. Não podemos deixar que tais fatos caiam no esquecimento e devemos trabalhar para incorporar novas tecnologias, novos processos ao setor mineral para que a sociedade volte a acreditar na mineração, que é, ainda, um setor desconhecido, principalmente, sua importância para o dia a dia de todos e ao desenvolvimento do país", disse.
Ele lembrou que o Ibram apoia as investigações em curso e as demandas por mudanças na mineração, mas ponderou que esses fatos, que envolveram empreendimentos de mineração de ferro, não se aplicam aos demais segmentos da indústria da mineração. Em um primeiro momento, quando há uma grande comoção pelo ocorrido, disse o dirigente, é compreensível que haja uma generalização da situação para todo o setor mineral, porém isso não é compatível com a realidade. "O setor como um todo foi demonizado e temos que reverter este quadro", afirmou.
Brumer criticou tentativas de se punir todo o setor mineral por meio da elevação dos custos da atividade, via tributação e encargos, tendo como justificativa os episódios de rompimento de barragens. "Há movimentos que confundem penalização com tributação. Quem age errado deve receber sua punição, mas, não se pode mudar as regras de um setor aleatoriamente porque isso traz enorme insegurança jurídica e inibe a atividade mineral existente, os investimentos futuros no setor e as contribuições que presta ao país" disse.
Sobre o evento de hoje e amanhã em Belo Horizonte, o dirigente do Ibram disse também que ele deverá proporcionar eventuais soluções factíveis de serem adotadas pelas mineradoras e citou como exemplo o setor siderúrgico que apresentava um desafio semelhante em relação à estocagem de escórias de alto-forno. "Por meio de muitas pesquisas chegou-se a tecnologias de aproveitamento econômico desse resíduo, entre as quais, a que permite fabricar cimento. Esperamos que isso também ocorra em relação aos rejeitos da mineração", mencionou.
Ele, no entanto, advertiu que as soluções para os desafios de gestão e manejo de rejeitos minerais não são simples porque, mesmo que haja utilização dos rejeitos como insumos para outras atividades econômicas, ainda assim haverá necessidade de estocagem, seja em barragens, seja em cavas ou via empilhamento a seco, entre outros meios. Isso porque a escala de produção mineral é expressiva.
O presidente do Conselho Diretor do Ibram entende que é preciso enfatizar a cooperação e a troca de informações e experiências com empresas e entidades nacionais e estrangeiras, uma vez que outros países enfrentaram e ainda enfrentam desafios para aperfeiçoar os processos produtivos da mineração. "Canadá, Austrália e outras nações tiveram problemas similares enfrentados no Brasil e todos esses países, inclusive o nosso, também têm experiências positivas a compartilhar. O interesse em transformar a mineração é mundial", afirmou.
Em sua fala, Brumer também defendeu maior atenção estatal e privado à pesquisa mineral. "O Brasil tem esquecido de investir em geologia. Sempre ouvimos que nosso país tem enorme potencial mineral, mas essa palavra potencial ainda persiste e, portanto, temos que transformar o que é potencial em realidade e aí entra o incentivo à pesquisa mineral", disse.
Também participaram da mesa de abertura representantes do Ministério de Minas e Energia, Crea, Fundação Estadual do Meio Ambiente de MG e Sindicato das Indústrias Extrativas de MG (Sindiextra), apoiador do evento.