PRODUÇÃO

Gigantes do minério de ferro ignoram queda nos preços e elevam produção

As três maiores produtoras de minério de ferro no mundo, Rio Tinto, BHP Billiton e Vale, estão el...

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A Cliffs Natural Resources, por exemplo, contratou bancos para vender suas minas na Austrália devido à concorrência difícil, de acordo com matéria publicada pelo The Wall Street Journal (WSJ) nesta segunda-feira (8). "As três grandes estão no controle e não há muito a fazer", disse Lourenço Gonçalves, diretor-presidente da empresa americana.

A situação está sendo observada de perto pelos fabricantes de aço da China, Coreia do Sul e Japão, os três maiores importadores mundiais de minério de ferro, o principal ingrediente para produção de aço. Se os principais agentes desse mercado, que são responsáveis por mais de 60% do comércio marítimo do mineral, fortalecerem seu controle do mercado, eles poderão exercer maior pressão nas negociações de preços.

Um porta-voz da Federação de Ferro e Aço do Japão, Takefumi Nagamine, disse que a entidade está preocupada com o oligopólio das produtoras de minério de ferro há vários anos. "A situação não mudou", disse ele, ao WSJ.

Durante o auge das commodities nos últimos dez anos, havia demanda suficiente no mundo para que as mineradoras produzissem o quanto fosse possível, sabendo que os projetos de infraestrutura nas economias em desenvolvimento absorveriam tudo. A produção de minério de ferro continuou crescendo, ainda que a expansão desses mercados tenha desacelerado.

"A China não investirá mais o que vinha investindo em infraestrutura. Ainda há muitos prédios sem ninguém dentro", disse Mark Cutifani, CEO da Anglo American em recente entrevista ao WSJ.

A produção global das cinco maiores mineradoras, Vale, BHP, Rio Tinto, Anglo American e Fortescue Metals Group, deve crescer mais de 40% até 2017, para 1,5 bilhão de toneladas, mesmo com a expectativa de a demanda avançar de 10% a 15%. A informação é de Charles Bradford, que dirige uma empresa de pesquisa de metais. Segundo ele, o resultado "será um desastre".

O presidente do Conselho de Administração da BHP, Andrew Mackenzie, disse recentemente ao WSJ que sabe que as mineradoras de alguns países sofrerão, mas estima que outras, incluindo as australianas, vão prosperar. "Haverá perdedores e ganhadores entre os países”, disse.

Com o preço do minério de ferro próximo do pior nível em cinco anos, abaixo de US$ 85 a tonelada, várias mineradoras pequenas e médias estão sob pressão. A Labrador Iron Mines Holdings, do Canadá, paralisou todas as operações há poucos meses devido aos preços baixos.

Mesmo com os preços abaixo da metade dos US$ 190 registrados em 2011, eles ainda estão cerca de cinco vezes mais altos que em 2004. Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein, prevê que os preços subirão para US$ 105 por tonelada, uma das maiores estimativas do setor, que começam em US$ 80 por tonelada para o curto prazo.

Segundo Gait, Rio Tinto, BHP e outros grandes fornecedores terão tanta capacidade que irão ditar os preços. "O minério de ferro será uma boa aposta por um longo tempo", disse o analista, que afirmou ainda que isso explica porque as mineradoras continuam a expandir sua capacidade. As informações são do The Wall Street Journal.