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Em entrevista exclusiva ao NMB, Francisco afirmou que o setor de mineração ainda tem muita dificuldade em substituir o trabalho braçal pelo das máquinas. Algumas tarefas são realizadas pelo esforço humano devido à falta de investimentos.
“Uma empresa de mineração é dividida em vários setores, portanto, temos diferenças grandes entre os setores para as atividades realizadas, assim, há diferenças de número de afastamentos por setores e diferentes atividades, mas com certeza o sistema músculo-esquelético é ainda o mais exigido pela indústria de mineração podendo chegar, em alguns setores, a 90% das causas de afastamentos”, declara.
De acordo com artigo publicado recentemente pelo pesquisador, a Previdência Social informou que 70% dos afastamentos vem de lesões do sistema músculo esquelético.
“Os afastamentos também estão ligados ao estresse mental, mas as dores lombares são campeãs”, diz.
Intitulado “Análise Ergonômica de Colaboradores de uma Empresa de Mineração”, o artigo se baseou no protocolo Ovako Working Posture Analysing System (OWAS), que categoriza as principais posturas para costas, braços e pernas, e o peso da carga transportada para identificação das fases do movimento proposto. O objetivo do protocolo é indicar posturas menos lesivas à saúde do trabalhador.
O mestrando concluiu, a partir da análise feita com trabalhadores de uma pedreira em João da Boa Vista (SP), que nos dois movimentos estudados, retirar a pedra do solo e jogá-la na caçamba, foram classificados como os mais perigosos ao trabalhador por envolver trabalho músculo-esquelético da região lombar com uma grande flexão do tronco.
“A flexão do tronco seguida de elevação de carga é um dos movimentos mais lesivos a região lombar. Portanto, devemos ter cuidado com esse movimento até para movimentos com cargas leves. A postura sentada, muitas vezes, acomete dor nesta região, sendo necessário intervenções para que as pedras possam ser retiradas de outra maneira para se evitar riscos elevados de lesão”.
Para Francisco, uma das soluções para o problema é a adoção de programas de incentivo para o uso consciente dos equipamentos de segurança (EPI) e o acompanhamento mais próximo possível das condições de saúde e bem-estar dos trabalhadores.
“As medidas preventivas sempre são as mais sugeridas, pois medidas emergenciais são tomadas todos os dias, e sempre são mais caras e que obtemos um menor resultado. É necessário intervir com informação e conscientização do colaborador quanto a sua tarefa, seu ambiente de trabalho e atitudes de bem estar. O treinamento para a utilização das máquinas e para os movimentos que envolvem o trabalho é uma boa medida preventiva”, afirma.
A Ergonomia, ciência responsável por estudar, classificar e adequar o ambiente de trabalho ao trabalhador, visa um equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida. O estudo organiza normas e padrões de melhoria no ambiente de trabalho e a modificação na realização de tarefas para adaptar o trabalho ao homem.
“A implantação de uma vistoria ergonômica gera melhorias na qualidade de vida do trabalhador, gerando, também, mais trabalho com menos dispêndio de energia”, afirma.
O artigo, publicado na Revista do Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de vida (CPAQV), foi escrito em coautoria com Heleise Faria dos Reis, docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Gustavo Celestino Martins, doutorando pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep); e Guanis de Barros Vilela Junior, docente da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Para ver o artigo, clique aqui.