Segundo ambientalistas, é possível ver claramente uma grande mancha de terra exposta, conectada por uma estrada a um paredão de rocha mais acima, com mais de 100 metros de largura, e plantações de eucalipto ao redor. Serra Fina abriga Pedra da Mina, o pico mais alto do Estado, com 2.798 metros.
Ambos os pontos estão dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra da Mantiqueira e estão praticamente encostados no perímetro da área proposta de tombamento da cordilheira, que está sob análise do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).
Ambientalistas temem que as imagens sejam o prelúdio de uma investida mais acentuada "montanha acima" da mineração na Serra Fina, motivada pela abertura de novas indústrias no Vale do Paraíba nos últimos anos.
"Ficamos nos perguntando qual será o limite. Onde essa exploração mineral vai parar", disse a geóloga Alexandra Andrade, coordenadora executiva do Instituto Oikos de Agroecologia, ONG que entrou com o pedido de tombamento da Serra da Mantiqueira no Condephaat, em outubro de 2011.
Uma consulta ao banco de dados Sigmine, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mostra a Serra Fina coberta quase que totalmente por quadrantes de processos minerários, incluindo desde requisições de pesquisa até concessões de lavra, ligadas principalmente à exploração de bauxita e nefelina sienito, que é usado na fabricação de vidro.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a empresa que consta no Sigmine como titular do processo minerário onde a exploração de bauxita está ocorrendo
é o Grupo Biondi, dono da Mineração Rio do Braço.
"Não vejo a Serra da Mantiqueira sendo invadida por mineradoras. É algo que o poder público está controlando", afirmou o engenheiro Eugênio de Araujo Neto, representante do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul (CBH-PS), no Conselho Consultivo da APA da Mantiqueira (Conapam), e sócio de uma consultoria que gerencia mais de 700 títulos minerários na região.
A área de tombamento proposta pelo Instituto Oikos tem 45 mil hectares, sendo 10% da APA). O tombamento acrescentaria uma camada extra de proteção, conferindo ao Condephaat uma espécie de tutela sobre a preservação da paisagem natural das montanhas.
A proposta entrou na pauta do conselho em abril, mas houve um pedido de vistas por parte da representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O prazo de
vistas expirou anteontem, mas uma prorrogação de 30 dias será solicitada
Críticos da proposta dizem que a melhor maneira de proteger a serra é fazer o plano de manejo da APA - que foi criada em 1985, mas até hoje não possui regras de uso do solo. A expectativa é que o plano fique pronto em 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.