Empresas de mineração do Brasil estão investindo em tecnologias para a eliminação das barragens de rejeitos e, com isso, reaproveitar os minerais que seriam eliminados e aumentar o faturamento da companhia.
A Votorantim Metais investiu nos últimos cinco anos, R$ 25 milhões para o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a eliminação das barragens de rejeitos. A iniciativa faz parte de uma meta anunciada pela companhia, que pretende eliminar de vez as os aterros até o ano de 2020.
Com isso, desde 2011, a companhia utiliza as sobras da exploração das jazidas de zinco de sua unidade de Paracatu (MG), para a produção de calcário agrícola, usado para a correção da acidez do solo.
O investimento já está dando retorno. As vendas do calcário agrícola já rende eu R$ 70 milhões, ou seja, quase o triplo do que foi investido. “Ninguém mais duvida de que transformar os resíduos em novos produtos é uma oportunidade de negócio”, afirma Santos.
Mas este não é o único resíduo gerado pela mineradora. A companhia elemina cerca de 6 milhões de toneladas de outros resíduos que produz. De acordo com o gerente de sustentabilidade da Votorantim Metais, Ricardo Barbosa Santos, em entrevista à revista Exame, seria possível reaproveitar muito mais, caso já houvesse tecnologia disponível no mercado.
Barbosa conta que a lama terciária, resíduo da unidade de zinco localizada na cidade mineira de Três Marias, poderia ser usada na produção de cimento, mas para isso a empresa precisaria construir uma fábrica de 200 milhões de reais.
Segundo o gerente da empresa, a Votorantim Metais está pesquisando uma maneira de reduzir esse valor.
A Votorantim Metais é, atualmente, uma das cinco maiores produtoras de zinco no mundo, a maior fabricante de níquel eletrolítico da América Latina e líder brasileira na produção de alumínio primário.
Na indústria de mineração, a companhia atua na exploração mineral em seis países, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Canadá, Colômbia e Peru, com cerca de 70 projetos desenvolvidos para alumínio, zinco e níquel.
Seguindo essa mesma tendência, empresas de outros setores também apostam na reutilização de seus resíduos para, além de ajudar a diminuir a quantidade de lixo gerado, aumentar os lucros da companhia. A P&G, de bens de consumo, conseguiu fazer com que 48 de suas 158 empresas espalhadas pelo mundo não enviassem nenhuma grama de seu lixo para os aterros sanitários.
Ela conversa o lodo de sua estação de tratamento de efluentes em combustível para fornos de cimenteiras e reutiliza rebarbas das hastes das lâminas de barbear na produção de novos aparelhos.
A primeira fábrica da P&G a abandonar os aterros foi a de Budapeste, na Hungria, em 2007. Na Europa, desde 2004 a legislação ambiental impõe uma série de impostos sobre a prática. Lá, o preço médio que uma empresa paga hoje para aterrar 1 tonelada de lixo é 140 euros. Aqui, mandar o lixo para os aterros é bem mais barato: o valor oscila de 60 a 120 reais por tonelada devido à concorrência com formas inadequadas de disposição, como lixões clandestinos.
No Brasil, algumas empresas já adotam essa prática com o mesmo fim, eliminar o resíduo e aumentar a receita da companhia. A Ambev, fabricante de bebidas, conseguiu adaptar sua fábrica de Manaus (AM) para reaproveitar 100% de tudo que é gerado.
O bagaço do malte, um subproduto da mistura que forma a base da cerveja, é vendido a fabricantes de ração animal devido a grande quantidade de proteínas. A expectativa da empresa é que todas as outras fábricas consigam atingir o mesmo grau de aproveitamento de resíduos.
Já a montadora Fiat, consegue reaproveitar 100% dos resíduos da fábrica de Betim (MG) e 99,5% da produtora de motores em Campo Largo (PR). Para isso, a empresa montou nas duas unidades, galpões para onde os resíduos são levados e separados, para posteriormente serem enviados a centros de reciclagem.