"O Brasil vai produzir amônia verde antes que as plantas da Europa", declarou o executivo durante um almoço para jornalistas em São Paulo.
Segundo ele, a produção de amônia verde acontecerá a partir de biometano que virá da Raízen. A expectativa é reduzir em 50% as emissões de carbono. "É a primeira amostra de escala global, já que 3% do gás que é produzido na fábrica será com amônia verde", destacou Altiere.
De acordo com o executivo, o plano estratégico da companhia é, pouco a pouco, mudar as fontes de energia fósseis por renováveis e a produção de fertilizantes vai neste caminho, com a amônia verde e com uma linha de fertilizantes líquidos para agricultura regenerativa na planta de Sumaré (SP), cuja capacidade de produção é estimada em 40 milhões de litros.
Na mesma fábrica, a companhia informou que fará um aporte de R$ 90 milhões até 2025 para direcionar pesquisas e desenvolvimento a fim de financiar novas formulações. O desafio no País, no entanto, é ter um marco regulatório que contribua para as empresas que estão fazendo a mudança da matriz energética, avaliou Altiere.
"Para que isso aconteça, o país precisa ter condições competitivas com posto energético adequado, pois matérias-prima para produzir nitrogênio, por exemplo, emite muito carbono", acrescentou ao falar que ainda é mais caro produzir no Brasil com ativos descarbonizantes.
Capacidade Plena
Na ocasião, o executivo revelou outras projeções relacionadas ao Complexo Industrial de Rio Grande (RS), que pela primeira vez está operando em capacidade plena, com 1,1 milhão de toneladas de NPK em grãos entregues até o final deste ano.
A projeção é produzir 2 milhões de toneladas de fertilizantes até 2024. Em 2022, a operação utilizou metade desta capacidade. Nos últimos dez anos, a companhia de origem norueguesa investiu R$ 15 bilhões no Brasil.
A Yara Brasil projeta que 44,6 milhões de toneladas de fertilizantes devem ser entregues no Brasil até o fim do ano, afirmou o presidente da companhia. Para o próximo ano, o executivo revelou que espera crescer 2% no segmento, percentual que acompanha as projeções da indústria de fertilizantes. Esse número é equivalente a operação de uma fábrica de Rio Grande (RS) por ano.
Altiere, apesar de considerar os desafios climáticos e de volatilidade de preços das commodities este ano, não projeta recuo econômico da companhia, ainda que preveja um crescimento menor.
"As rentabilidades das principais culturas do Brasil voltaram ao patamar de 2020, mas mesmo assim acreditamos que a demanda por insumo será maior", avaliou.
Nesta semana, a companhia anunciou a nível global o lançamento de uma nova linha de adubo que mescla matérias-prima minerais, orgânicas e biológicas. Esse 'mix' é uma aposta para o Brasil a partir do ano que vem, tentando surfar a onda de fertilizantes com matrizes mais eficientes para redução de carbono e melhor eficiência no campo. Com informações do Globo Rural.