MERCADO INTERNACIONAL
Com a sinalização ao longo da campanha de Trump de que haveriam gastos relacionados a infraestrutura, o mercado passou a precificar um cenário de maior inflação, o qual torna-se necessário aumento da taxa de juros para que haja controle de preços.
Consequentemente, houve uma ruptura do que foi considerado como crescimento medíocre, crescimento moderado com baixa taxa de juros e inflação, para uma nova proposta de política econômica, sem dúvida, mais populista, na qual, o governo americano passará a cortar impostos e acelerar a geração de empregos, assim como dificultar a saída de empresas do país.
Portanto, com um cenário onde o Título Público Americano passa a render mais, o ouro sofre pressão de venda, tendo em vista que hoje no mercado os dois são investimentos relacionados a hedge de risco, logo, a onça troy registrou queda de 1,5%, estabilizando sua queda ao longo do pregão asiático em US$ 1.261, com suporte em US$ 1.250 e resistência em US$ 1.285 para retomar a alta.
Este movimento é fundamentado na teoria de que os títulos públicos americanos, assim como o ouro, são uma válvula de escape internacional ao risco, ou seja, assim que o mercado toma o susto imediato, opta por investir em um dos dois. No entanto, já há algum tempo a economia americana vem injetando dinheiro na economia, assim como mantendo os juros extremamente baixos, gerando uma bolha de excesso de liquidez, ocorrendo mesmo na Europa e Japão, logo, se as economias mundiais passarem a aumentar seus gastos para reaquecer a economia a níveis mais acelerados, além de aumentar a taxa de juros, elevarão exponencialmente seu grau de endividamento, pressionando a bolha da liquidez gerada até então.
Por fim, o ouro passa no momento por um movimento baixista, devendo fechar o ano abaixo de US$ 1.300, mas continuo a afirmar que o cenário que se desenha adiante nos leva ao estouro da próxima bolha, gerada pela onda Trump e seus desdobramentos, logo, esta queda nos levará a uma alta muito maior adiante.
Já no mercado nacional, o ouro subiu, já que a valorização do dólar foi maior do que a queda da onça, o dia deverá ser de baixa no dólar, com realização de lucro interno em dia de agenda fraca, logo deverá fechar abaixo de R$ 135,50 por grama.
MERCADO NACIONAL - OURO
BMF&BOVESPA – R$135,50 por grama (Fechamento 10/11 +3,43%)
DÓLAR
O dólar superou os R$ 3,36 através de uma alta violentíssima, sendo a maior valorização dentro do mesmo dia dos últimos 8 anos, chegando inclusive a testar os R$ 3,39, fechando com alta de 4,70%.
Os três pilares que levaram o dólar a esta valorização forte diante o real foram: Trump, Temer e Banco Central. O primeiro fator se dá pela continuidade da imprevisibilidade que o governo do novo presidente americano pode trazer ao mercado, o qual, já sinalizou ao longo da campanha que ampliará os gastos em infraestrutura para reaquecer a economia americana, logo temos novas previsões de alta inflação nos EUA, a partir do início do seu governo, o que leva a perspectiva de que os juros americanos serão aumentados ao menos três vezes ao longo de 2017, para conter a chamada “Trumpflação”.
Já em relação a Temer, com a notícia de que a chapa Dilma-Temer na campanha de 2014 recebeu um cheque da Andrade Gutierrez, levou os mercados a considerar a possibilidade de risco político, com a cassação do atual presidente do país, o que levaria a uma instabilidade das reformas propostas.
Por fim, o Banco Central havia sinalizado que não iria intervir no mercado, mas continuaria a monitorar suas possíveis distorções, logo a volatilidade do dia ficou a mercê do mercado. No entanto, para hoje é esperado que o Banco Central entre vendendo para conter a alta da moeda, já que, com o dólar mais caro, o governo terá maior dificuldades em convergir a inflação para meta.
Para hoje os investidores estão de olho no indicador de Confiança do Consumidor (EUA – novembro) que será divulgado às 13 horas, no entanto o foco maior ainda é em possíveis indicações de Trump para composição do seu governo. Para secretaria do tesouro é esperado um nome de Wall Street, ex-executivo da Goldman Sachs, o que levaria o mercado a um maior alívio, já que é esperado decisões mais sensatas dele.
Mauricio Gaioti é gerente comercial da Omex Ourominas, uma área de negócios criada para atender às necessidades das pequenas e médias mineradoras, cooperativas e garimpeiros e oferecer serviços que vão além da compra e venda de ouro, como logística. E-mail: mauricio.gaioti@hotmail.com