Talvez a modelagem geoquímica não venha em mente, imediatamente, ao definir uma estratégia para um fechamento de mina. No entanto, a modelagem geoquímica é essencial na previsão dos impactos a longo prazo das instalações de mineração. Modelos geoquímicos fornecem informações de materiais (naturais ou não) a respeito de sua estabilidade físico-química quando submetidos a condições diversas de intempéries. Dados de ensaios de lixiviação, solubilização, estáticos e cinéticos, são utilizados como entrada para a modelagem geoquímica. Os resultados são aplicados na seleção de estratégias, aderindo a requisitos regulatórios. O planejamento do descomissionamento das estruturas da mina - barragens de rejeitos, pilhas de estéril, lagos de cavas e minas subterrâneas - podem ser favorecidos pelos resultados preditivos do modelo geoquímico, tanto em escala de bancada quanto de campo.

Embora os testes de bancada e de campo forneçam dados cruciais sobre as características da lixiviação de rejeitos e estéreis de mineração, a integração transiente entre os fluxos hidrológicos e outros parâmetros escalonáveis funcionam melhor com uma abordagem integrada. Por exemplo, gráficos de campo e testes em colunas são muito úteis no fornecimento de dados de lixiviação em escala de campo, no entanto, possuem escala de tempo limitada ao gerar dados de intemperismo para avaliações de impacto ambiental a longo prazo. O mesmo vale para testes de laboratório.

As previsões quantitativas da qualidade da água dos lagos de cava após o fechamento têm se destacado nos últimos anos, uma vez que operadores e reguladores observam a sua importância nas previsões de impacto ambiental. Essas previsões, geralmente, são necessárias para a aprovação do plano de fechamento, para prever mudanças prováveis na qualidade futura da água.

Não se pode esperar uma previsão razoável e válida sem o uso de um modelo geoquímico detalhado que inclua balanço hídrico (entrada e saída de água no solo, precipitação, evapotranspiração, escoamento superficial, etc), caracterização geoquímica espacial e temporal dos materiais, processos de coprecipitação e redissolução  mineral, e processos limnológicos, tais como mistura e estratificação de lagos.

Recentemente, a SRK concluiu um programa abrangente de modelagem geoquímica com alternativas de fechamento para o lago de uma cava a céu aberto, barragem de rejeitos e pilhas de estéril em um estudo de viabilidade para uma mina de ouro na América do Sul. Para prever a qualidade do efluente lixiviado dos materiais, a SRK combinou dados de ensaios cinéticos de curto prazo e acelerados, conciliados ao cronograma detalhado do sequenciamento da mina.

A variabilidade espacial dos materiais potencialmente geradores de acidez, combinada com o alto índice pluviométrico tropical, impôs desafios para o gerenciamento do escoamento dos efluentes percolados pelos estéreis. A camada superior é constituída por um material saprolítico não gerador de ácido, seguido por uma rocha intrusiva, hospedeira do minério, geradora de ácido. As características do efluente lixiviado dessa sequência foram previstas em um modelo geoquímico que forneceu as informações necessárias a formulação do plano de fechamento, que visa a redução do volume de efluente ácido a ser manuseado no site.

A SRK incorporou a caracterização geoquímica e mineralógica detalhada das rochas da parede da cava em um modelo que combinava o balanço hídrico do fluxo de águas subterrâneas para prever a qualidade da água após o fechamento. Essa previsão forneceu as informações necessárias para a seleção da estratégia apropriada para o fechamento da cava. Entre as opções, a predição de qualidade de água cava mostrou que a água doce disponível era adequada para neutralizar a produção de ácido, de modo que o enchimento natural da cava foi identificado como a abordagem ideal.