MINÉRIO DE FERRO

Vale retoma projeto de minério de ferro Apolo

Empresa reduziu escopo e removeu barragem de rejeitos para viabilizar operação em Minas Gerais

Serra da Gandarela, onde está localizado projeto Apolo/Divulgação

Serra da Gandarela, onde está localizado projeto Apolo/Divulgação

O empreendimento envolve a instalação de um complexo de mina e usina interligada por ferrovia nos municípios de Santa Bárbara e Caeté. A Vale projeta capacidade de produção anual de 14 milhões de toneladas de minério de ferro, com vida útil da mina de 29 anos.

Em 2009, quando a empresa lançou seu plano original para o complexo, a estimativa era que produzisse um total de 24Mtpa. Também era esperado que construísse uma barragem de rejeitos, o que agora é proibido pela legislação.

Segundo a Vale, o cronograma do Projeto Apolo Novo Conceito prevê obter a licença para iniciar operações em 2028, segundo documento da empresa apresentado em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais na terça-feira (23).

No mais novo plano, a companhia dispensará o uso de barragens e contará com uma usina e um novo ramal ferroviário de 8 km de comprimento, que será conectado à Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).

O projeto original delineava a construção de um trecho de 18 km de ferrovia para conectar Apolo à EFVM. A Vale agora busca construir uma linha de apenas 8,2 km.

A empresa protocolou em setembro junto ao Estado o novo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para a retomada do licenciamento. A expectativa da empresa é obter a licença prévia em 2023, seguida da licença de instalação em 2024.

O empreendimento deve gerar cerca de 2.600 empregos temporários no pico das obras. Já na fase de operação, serão cerca de 2.800 vagas de trabalho, sendo 740 empregos diretos (entre próprios e terceiros) e 2.100 indiretos e induzidos.

Ainda durante a operação, estima-se a movimentação de cerca de R$ 138 milhões em massa salarial anualmente, além de uma adição de R$ 151 milhões em impostos (Cfem e TRFM) por ano.

Novo conceito

O empreendimento, que teve seu licenciamento original iniciado em 2009, passou por diversas revisões para atender mudanças na legislação e solicitações da sociedade civil, conforme destacou a Vale em e-mail à Reuters.

Além da eliminação do uso de barragens, a versão remodelada também traz reduções significativas na área do projeto, no consumo de água e na emissão de carbono, ressaltou a empresa.

"O novo Projeto Apolo ocupa uma área 32% menor do que a proposta inicial de 2009, passando de 2.000 hectares para 1.368 hectares", disse a empresa.

"A área do empreendimento também não interfere com os limites do Parque Nacional da Serra do Gandarela, criado em 2014 com uma área de 31.270 hectares, dos quais cerca de 15.000 hectares estão em processo de possível doação pela Vale para o ICMBio", acrescentou.

O consumo de água reduziu em cerca de 95% devido ao processamento a seco do minério de ferro. Atualmente, a necessidade do insumo para o projeto está prevista em aproximadamente 100 m³/h, contra 1.900 m³/h estimados em 2009.

Para aumentar as condições de segurança e reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, serão utilizados caminhões autônomos na área de lavra para transporte do minério.

Apresentações do novo conceito a comunidades vizinhas foram iniciadas em julho, segundo a empresa, ao frisar que manterá o relacionamento com esses grupos, além de outros setores da sociedade civil, para esclarecimento de dúvidas e discussão de soluções relacionadas ao projeto.

"O projeto é suficiente para atender a requisitos alinhados aos mais elevados padrões socioambientais", disse Rodrigo Dutra Amaral, gerente de licenciamento ambiental da Vale, durante audiência com parlamentares mineiros na terça-feira para discutir o projeto. A Vale não informou os planos de investimento para o projeto. Com informações da Reuters e do BNAmericas.