Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão desenvolvendo pesquisas em áreas de mineração de níquel em Barro Alto, Goiás. O objetivo é avaliar o impacto da atividade mineradora de níquel na biodiversidade dos complexos ultramáficos de Barro Alto e propor estratégias e tecnologias de recuperação de áreas degradadas pela atividade mineradora, utilizando espécies vegetais e microrganismos nativos desses solos.
O projeto faz parte de um convênio de cooperação técnica com a mineradora Anglo American do Brasil, diz a Embrapa em comunicado.
Os solos derivados da decomposição de rochas ultramáficas são caracterizados por altas concentrações de metais (níquel, ferro, magnésio, cromo e cobalto) e de baixa concentração de nutrientes como cálcio, fósforo e potássio.
Na maioria das vezes, ocorre redução no desenvolvimento normal da planta e, por isso, é um desafio estabelecer vegetação sobre as áreas degradadas pela mineração.
As melhores opções para recuperação das áreas de mineração de Barro Alto são as espécies nativas, pois são mais tolerantes a metais no solo.
No entanto, mesmo nessas áreas, a distribuição das espécies vegetais e de microrganismos difere nos solos saprolíticos (SAP), que ocorrem em áreas de relevo ondulado e dão origem ao “minério básico”, e nos solos lateríticos (LAT), em áreas mais planas de onde é extraído o “minério ácido”.
“Testamos o plantio de algumas espécies conhecidas como adubos verdes, como feijão-bravo-do-ceará, crotalária, mucuna preta e stylosanthes guyanensis, espécie forrageira nativa no cerrado.
Para a composição do 'tapete verde' a ser formado sobre as pilhas de estéril, a espécie que apresentou melhor resultado foi a leguminosa do gênero stylosanthes” explicou a pesquisadora Leide Rovênia de Andrade, coordenadora do projeto.
Outra medida para criar ambiente favorável ao restabelecimento da vegetação sobre estes materiais é a fertilização mineral e a recolocação do solo orgânico, que corresponde à camada superficial do solo, rica em matéria orgânica, restos de raízes, folhas, propágulos de microrganismos e semente.
A fertilização, com o acréscimo de fósforo, potássio e cálcio, também favorece o estabelecimento de espécies sobre as superfícies expostas nas áreas de mineração.
Os pesquisadores estão realizando testes de recuperação, via semeadura direta de sementes de espécies nativas, nas áreas de mineração de Barro Alto.
“Considerando o crescente deficit na cobertura vegetal nativa nessas áreas, bem como as raras ações nacionais de recuperação de áreas degradadas utilizando espécies nativas consorciadas com adubos verdes, os testes de recuperação representam uma estratégia importante que poderá acelerar o processo de regeneração natural”, diz a pesquisadora Fabiana de Aquino.
A pesquisadora Leide Rovênia ressaltou que diversos desafios precisam ser superados, sobretudo quanto à geração de informações básicas.
De acordo com ela, ainda é necessário organizar e gerar informações sobre a ecologia das espécies vegetais e de microrganismos promotores de crescimento nativos e monitorar, em longo prazo, experimentos de campo, na tentativa de aprimorar o planejamento de ações de recuperação de áreas degradadas pela mineração.