SUSTENTABILIDADE

Reciclagem ameaça produção de bauxita e de alumínio

O avanço da reciclagem poderá permitir o fim da mineração do alumínio, de acordo com especialista...

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O alumínio está por toda parte: em latas, janelas, embalagens, carros, entre outros produtos. Segundo matéria divulgada pela BBC News ontem (24), enquanto novos usos para o alumínio seguem sendo descobertos, o avanço da reciclagem pode fazer com que, em algum momento, não precisemos mais minerar em busca do material.

De um lado, o alumínio é um dos metais mais reativos da tabela periódica. "Incêndios de alumínio são assustadores", diz Andrea Sella, professor de química da Universidade College London. Por isso, ele não é ideal para a construção de aeronaves, por exemplo.

Mas, de outro lado, essa desvantagem é compensada por sua força, flexibilidade e leveza excepcional.

De acordo com Sella, apesar de o alumínio ser o terceiro elemento mais abundante na Terra, ele só foi isolado em 1825 e por décadas era tão escasso que valia mais do que a prata. “O motivo pelo qual ficou tanto tempo "escondido" é que, ao contrário do ouro e da prata, ele é extremamente reativo para ocorrer em sua forma pura”, disse.

O metal é encontrado na forma de bauxita, minério avermelhado e marrom. “São necessárias quatro toneladas de bauxita para produzir uma tonelada de alumínio, em um processo que consome bastante energia”, afirmou o professor.

Segundo Nick Madden, responsável pela compra do material em estado bruto pela Novelis, maior manufatureira de folhas de alumínio, a reciclagem consome uma fração muito pequena dessa energia. “Latinhas de bebida podem ser recicladas em 60 dias, ou seja, uma lata de refrigerante pode voltar à prateleira 2 meses depois [de ser usada]", disse Madden.

Madeen afirmou que o material pode ser reciclado diversas vezes, praticamente de forma infinita. "É um dos poucos materiais que é genuinamente 100% reciclável".

Um relatório deste ano, produzido pelo Pnuma, braço ambiental da ONU, apontou o Brasil como um dos líderes desse mercado. Em 2010, o país reciclou 97,6% de suas latinhas de alumínio, maior porcentagem do mundo.

"Se a demanda parar de crescer e (reutilizarmos) resíduos, começaremos a reduzir (a exploração) da matéria-prima", acrescenta Madden.

Por enquanto, porém, a demanda está crescendo, e um dos motivos é a produção de automóveis. Carros de carcaças mais leves significam mais eficiência no gasto de combustível e menos emissões de gás carbônico.

A Novelis aumentou em 25% seu suprimento a montadoras no ano passado, a maior parte dele para um de seus maiores clientes, a Jaguar Land Rover - que começou a produzir Range Rovers com alumínio. O novo carro usa 25% a menos de combustível em parte porque sua carcaça é 39% mais leve, o que ajuda a reduzir o peso total do carro no equivalente a cinco pessoas.

Quase a metade do alumínio que a Novelis vende para a produção de Range Rovers vem do lixo, latas vazias, resíduos de veículos e de construção. A empresa quer aumentar essa porcentagem para 80% até 2020. Para isso, o desafio é garantir que mais alumínio entre no ciclo da reciclagem. As informações são da BBC News.