EXECUTIVOS

Presidente da Vale quer deixar legado de excelência operacional

Eduardo Bartolomeo exalta produtos de qualidade da empresa no papel de reduzir emissões

 Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale/Divulgação

Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale/Divulgação

Segundo ele, o níquel produzido no Canadá pode, por exemplo, atender a crescente produção de carros elétricos, enquanto o minério de ferro de Carajás, no Pará, será importante para descarbonizar a siderurgia, cliente da mineradora. "Somos dotados dos melhores recursos naturais do mundo", diz Bartolomeo.

De acordo com o executivo, a Vale está dotada, por razões históricas, dos melhores recursos naturais do mundo. Para ele, Brumadinho é uma força motriz disso tudo, "de ser uma mineradora preparada para tomar ações consistentes, o ‘walk the talk' [agir de acordo com as palavras], para ser operadora segura, confiável e preparada para o carbono zero".

Bartolomeo voltou, semana passada, de Davos, na Suíça, onde se realiza todo ano o encontro da elite econômica mundial. Na reunião, ouviu e falou sobre Amazônia, que pode chegar ao ponto de "não retorno". Mostra-se ainda preocupado com a ordem global, marcada pela guerra. A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor.

Demanda e preço

Sobre a demanda chinesa por matéria-prima siderúrgica, historicamente, ele diz que foi uma surpresa para todos. Para ele, em duas décadas muita coisa mudou. "Se voltar em 2002, alguém sabia que a China viria como veio? A China produzia 100 milhões de toneladas de aço [por ano]. Hoje faz 1 bilhão de toneladas. Tinha terminado de ter o 11 de setembro. Tem que olhar através desses 20 anos. Quando o faz, percebe que estamos no berço esplêndido da mineração.

O presidente da Vale falou ainda sobre as previsões equivocadas para o preço do minério. "Vivi o superciclo e vejo um ciclo longo [no aço]. E provo que todos os preços de longo prazo estão errados. Tem seis anos que as previsões para o preço do minério de ferro estão erradas. Nós, analistas e o setor [erramos]".

Simandou

No momento em que volta a se falar no desenvolvimento das reservas de ferro de Simandou, na Guiné, que a Vale tentou explorar no passado, Bartolomeo descarta qualquer novo interesse da empresa no projeto, e diz: "Temos nosso Simandou em Carajás." Simandou, tido como um dos maiores depósitos de minério de ferro do mundo, deve ter parte da exploração feita pela australiana Rio Tinto junto com chineses.

"Não sou contra Simandou. Somos a favor de um preço longo, justo, que traduza o valor do nosso negócio", diz. Bartolomeo afirma que todas as projeções sobre preços do minério de ferro, feitas pela empresa, mercado e setor se mostraram erradas nos últimos anos. Segue a acreditar na China como motor da produção siderúrgica, e diz que o sonho seria ver o Brasil transformar-se, no futuro, em um "cisne negro", capaz de ter maior impacto econômico. As informações são do Valor Econômico.